sexta-feira, 11 de março de 2016

COLUNA 10 DE MARÇO DE 2016


Frei Moser sabia como edificar pessoas e reerguer o que estava em ruínas



por Marise Simões
A cidade ontem amanheceu mais cinza e indignada com a notícia brutal da morte do Frei Antonio Moser, mais uma vítima da violência. O que pensar sobre o atual contexto em que estamos vivendo? Foram longas pausas durante o dia até conseguirmos escrever essas linhas, tanto pela dor da perda de um amigo como pela revolta, pela indignação e pela situação que nos impossibilita de irmos mais à diante por conta da brutalidade que caminha ao nosso lado diariamente nos impedindo de trabalhar, de expandir e de seguir à diante por conta do medo. Muito triste saber que a perda de uma vida humana tão valiosa é mais um número insignificante na grande estatística da impunidade. Então, nessas horas, lembro-me do próprio Moser com suas abordagens sobre a dignidade humana, sobre a consciência e o dever de fazer a nossa parte para mudar esse cenário.
Falar de seu lado intelectual e acadêmico seria pouco nesse momento. Prefiro enaltecer o ser humano Antonio Moser que enxergava as pessoas muito além da teologia, muito além de suas limitações. Ele esticava seu tempo sem reservas, ninguém conseguia alcança-lo e muito menos entendê-lo. E mesmo com extensa carga de compromissos que envolvia o religioso, o intelectual e o diretor de uma das principais empresas da cidade, a Editora Vozes, ele sempre encontrava espaço para auxiliar os que precisam dele. Esteve comigo tanto na alegria quanto na tristeza compartilhando momentos de realização e aconselhando em outros de dúvidas e incertezas, como faz um pai espiritual que orienta, ajuda e compreende sem nada exigir em troca. Ele tinha um olhar muito apurado e particular sobre as pessoas e não escondia de ninguém sua franqueza, por isso às vezes era mal interpretado. Mas não se importava com isso. Afinal, absorver o conteúdo de um livro não é para qualquer um. A maioria das pessoas julga apenas a ‘capa’. Mas Moser tinha personalidade forte, pensamento reto, sabia como edificar pessoas e reerguer o que estava em ruínas, assim como o próprio São Francisco de Assis. Tinha uma visão abrangente sobre as fragilidades humanas e um olhar diferenciado sobre as artes. E nos bastidores da vida, me abriu portas e me ajudou em diversos eventos culturais que, algumas vezes, eram fadados aos olhares críticos da sociedade. “Não podemos ter preconceito porque Deus também reside nos diversos tipos de manifestações artísticas”, disse ele certa vez durante uma entrevista sobre uma mostra de graffit em que nos cedeu um espaço em uma das suas comunidades para abrigar tal arte.
Hoje sentimo-nos órfãos por essa grande perda e acreditamos que esse sentimento também se estenda aos que tiveram o privilégio de conviver com ele. Siga seu caminho de Luz agora, meu Amigo, na certeza de que todos os seus jardins aqui na terra floresceram. “Como são belos os pés do mensageiro que anuncia o Senhor”. Paz e Bem!  

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